terça-feira, 17 de março de 2009

Início - 17/03/09


Fui no limite do meu atraso. Não podia desperdiçar mais nem 1 minuto, o atraso me chamava sufocando, sabia que a sorte me acompanharia de alguma forma.

Aula, sempre bem-vinda, pois aprender nunca é incômodo a mim...então que ela tome conta de
meus minutos, e como a mestre é de caráter comunicativo e gosta de ouvir as vozes dos seus alunos, hoje, a aula foi "Dinâmica de Grupo". Ótimo para mim que não conheço muitos ali, apesar de muitos falarem comigo mesmo sem eu ser tão receptivo em todos os dias da semana.

Todos falavam, todos ouviam, histórias e histórias, as quais eu não imaginava existir dentro de cada uma daquelas pessoas, e chega a minha vez de pegar o papelzinho com uma pergunta. Pego o mesmo e o leio, estava escrito algo como : O que é superação para você?

Respirei, fiz gracejo ao dizer que ia começar dizendo ''eu acho'' como a grande maioria, ouvi muitos risos e comecei a falar, ouvindo um silêncio único, do qual eu sentia medo até 2 anos atrás quando ainda sentia vergonha de falar em público. Disse que superação pode ser tudo aquilo que derruba algum medo, alguma desconfiança ou falta de confiança em si, a volta por cima mesmo estando em um momento adverso.

Ouvi aplausos educados e singelos...e retornei ao meu lugar.

Fim da aula!

Hora de retornar para casa com milhares de idéias na cabeça, dúvidas, pensamentos, vontades, e claro, a fome. Passei a primeira esquina sem mesmo olhar para os lados, me guiando pelo provável e andando mais um quarteirão molhado, vazio e soturno, pensando sobre meu grande amor. Será que ela ainda me ama??? Ou seria ódio ??? O ódio e o amor vivem juntos, e em muitas vezes sob o mesmo teto, e ainda me questionei e cheguei a conclusão de que tudo é momento, respeitar e estar ao lado é essencial, eu devo entendê-la, Eu devo amá-la.

Mais uma esquina.

Farol vermelho e carros com seus motoristas ansiosos para arrancar, com fúria e estilo em suas rodas de liga leve, mas eu ainda atravessava a faixa, tranquilamente...

Outro quarteirão e simplesmente tropeço, falo palavrão e dou risada de si.

Este quarteirão foi curto, chego na outra esquina rapidamente e percebo que ao atravessar, carros avançam o sinal e quase me atropelam, sinto que respeito foi pro espaço. Piso em calçadas desniveladas e sujas de terra e vejo uma senhora anã correndo para dentro de casa, como se estivesse fugindo, mas não da chuva, e sim de olhares alheios, no caso o meu. Penso que ela não deveria ter vergonha de si como transpareceu, todos temos formas belas de sermos comunicativos e não necessitar de atributos físicos para manter contato, o importante é o interior, o coração puro ( ou quase ).

Mais abaixo lembro que sinto-me sortudo por não ter sido uma aula sobre o livro requerido nas últimas aulas, cujo o qual ainda não comprei...é a crise financeira mundial.

Passando por outra esquina me deparo com uma velha cena: Um mendigo deitado em papelões.

Não adianta, por mais que faça vista grossa, sempre isso me faz pensar e repensar em sociedade, e coisas que ninguém quer discutir ou compartilhar sobre a atual sociedade que se diz 'humana'.

Vejo do outro lado da rua um sujeito aparentemente com cara suspeita me observando enquanto andava, o olhar dele dizia " Se eu pudesse lhe roubar, e se ninguém estivesse olhando". Me senti um alvo, e quando me deparei com pessoas desocupadas em plena chuva fofocando na porta de suas casas, me senti mais alvo ainda, da ociosidade humana, e ao longe, via tv's ligadas na ociosidade televisionada...reality show. Chego em casa, e sinto-me esfomeado, a chuva ainda alenta e molha meus pensamentos, agora do lado de dentro.

Até agora, não sei quem lê isto, sei que não conseguem ouvir minha voz...

Mas relevo meu nome, prazer, me chamo Cotidiano.

Um comentário: